Clube de Jornalismo – Estamos todos ansiosos pelo espectáculo de hoje à
noite, foi bastante badalado,
inclusivamente na rádio RFM e no jornal Diário do Alentejo. Contudo, antes
gostaríamos de lhe fazer algumas perguntas, uma pequena cusquice para o jornal
da escola.
C.J – O lançamento deste novo álbum é mais um “precioso” momento da
sua vida, certo?
Miguel Ângelo – Sim é importante, eu já ando aqui há muitos anos. Os
Delfins fizeram uma carreira com 25 anos, um quarto de século, o que é incrível.
Começaram muito novos e acabaram no fim
de 2009, mas claro que eu sabia que iria continuar na música e sabia que iria
continuar a solo, não fazia muito sentido passar 25 anos com um grupo e começar
outro grupo de raiz. Mas, de uma maneira muito pacífica, achei que não havia
nenhum corte a fazer com o passado. Às vezes os artistas têm a mania de dizer: “vou
iniciar um novo ciclo, vou fazer uma coisa totalmente diferente”. Na minha
opinião, isso está mais na cabeça dos artistas do que propriamente na realidade
e as pessoas ouvem as canções cantadas pela mesma voz, a escrita é minha como
era nos Delfins. Há, obviamente, diferenças porque assinar em nome próprio é
mais autobiográfico mas, de resto, ajo com o mesmo espírito optimista e
positivista está no “precioso”.
C.J – Já há algum feedback sobre este álbum a solo?
M.A – O feedback é feito primeiro das rádios, hoje em dia as rádios
têm uma importância , muito grande porque a maior parte das pessoas deixou de
comprar discos e então ouvem muito a música em streaming e nos telefones e nas
rádios, quando vão para o trabalho no carro e, portanto, a rádio ganha outra
vez um papel fundamental, até mais do que a televisão, ganha um papel de grande
divulgador e o single foi lançado com muita antecedência exatamente para preparar
um bocadinho o álbum. Estou muito contente, consegui entrar nas maiores rádios
FM de Lisboa, quer na Comercial, quer na RFM, que apoia o meu disco. A RFM foi
a primeira rádio a passar, mas eu fiz uma coisa diferente. O lançamento de “Precioso”
foi estreado às 8 da manhã na RFM, no “Café da Manhã”, mas às 9 da manhã todas
as rádios do país locais tinham o link onde podiam fazer o download do tema
para também estrearem às 9 da manhã. Portanto, a minha ideia era dar a música o
mais possível simultaneamente para toda a gente para não haver aquela coisa de
“porquê que aqueles passam primeiro a música e o resto do país não?”. O país é
muito pequeno e, hoje em dia, com as tecnologias que temos, já não fazem sentido nenhum essas coisas .
C.J – Um dos seus temas diz “Quantas voltas são precisas para
escolher um só caminho”. Demorou muito tempo a escolher o caminho de músico?
C.J – Que mensagem gostaria de deixar aos leitores do nosso jornal?
M.A – Primeiro que tudo, que leiam o vosso jornal, que vos apoiem
porque neste país continua a ser uma batalha grande escrever um jornal, editar
um livro, fazer um disco, pintar um quadro, continua a ser difícil e é preciso
grande motivação e força de vontade e essa força de vontade também advém do
público e, se eu hoje chegar aqui ao Pax-Júlia e vir que a casa está cheia, vou
ficar muito contente e ainda mais motivado para dar um espectáculo
provavelmente melhor e portanto para os leitores é que vos acompanhem localmente,
é sempre importante haver órgãos de comunicação locais que estão mais próximos
da vida real das pessoas,. Nós todos vemos o telejornal e vemos aquelas
notícias todas da União Europeia e do Banco Central Europeu e, embora esteja a
pesar nos nossos bolsos, às vezes somos mais felizes se conseguimos resolver o
problema da estrada, do nosso vizinho, da canalização, da nossa Câmara
Municipal, da nossa Casa da Cultura, do nosso Auditório Municipal e eu acho que
temos cada vez mais que viver a nossa célula e sermos independentes porque, se
tivermos à espera que haja um senhor qualquer que nos governa e que nos resolva
os problemas todos, bem podemos ficar à espera sentados.
C.J – Obrigada pela entrevista e nós prometemos continuar a
acreditar que “sonhar é só viver e viver imaginar”.
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