segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Entrevista a Miguel Ângelo




Clube de Jornalismo – Estamos todos ansiosos pelo espectáculo de hoje à noite, foi  bastante badalado, inclusivamente na rádio RFM e no jornal Diário do Alentejo. Contudo, antes gostaríamos de lhe fazer algumas perguntas, uma pequena cusquice para o jornal da escola.

C.J – O lançamento deste novo álbum é mais um “precioso” momento da sua vida, certo?

Miguel Ângelo – Sim é importante, eu já ando aqui há muitos anos. Os Delfins fizeram uma carreira com 25 anos, um quarto de século, o que é incrível. Começaram muito novos  e acabaram no fim de 2009, mas claro que eu sabia que iria continuar na música e sabia que iria continuar a solo, não fazia muito sentido passar 25 anos com um grupo e começar outro grupo de raiz. Mas, de uma maneira muito pacífica, achei que não havia nenhum corte a fazer com o passado. Às vezes os artistas têm a mania de dizer: “vou iniciar um novo ciclo, vou fazer uma coisa totalmente diferente”. Na minha opinião, isso está mais na cabeça dos artistas do que propriamente na realidade e as pessoas ouvem as canções cantadas pela mesma voz, a escrita é minha como era nos Delfins. Há, obviamente, diferenças porque assinar em nome próprio é mais autobiográfico mas, de resto, ajo com o mesmo espírito optimista e positivista está no “precioso”.

C.J – Já há algum feedback sobre este álbum a solo?

M.A – O feedback é feito primeiro das rádios, hoje em dia as rádios têm uma importância , muito grande porque a maior parte das pessoas deixou de comprar discos e então ouvem muito a música em streaming e nos telefones e nas rádios, quando vão para o trabalho no carro e, portanto, a rádio ganha outra vez um papel fundamental, até mais do que a televisão, ganha um papel de grande divulgador e o single foi lançado com muita antecedência exatamente para preparar um bocadinho o álbum. Estou muito contente, consegui entrar nas maiores rádios FM de Lisboa, quer na Comercial, quer na RFM, que apoia o meu disco. A RFM foi a primeira rádio a passar, mas eu fiz uma coisa diferente. O lançamento de “Precioso” foi estreado às 8 da manhã na RFM, no “Café da Manhã”, mas às 9 da manhã todas as rádios do país locais tinham o link onde podiam fazer o download do tema para também estrearem às 9 da manhã. Portanto, a minha ideia era dar a música o mais possível simultaneamente para toda a gente para não haver aquela coisa de “porquê que aqueles passam primeiro a música e o resto do país não?”. O país é muito pequeno e, hoje em dia, com as tecnologias que temos, já não fazem  sentido nenhum essas coisas .
C.J – Um dos seus temas diz “Quantas voltas são precisas para escolher um só caminho”. Demorou muito tempo a escolher o caminho de músico?

M.A – De músico não. Eu, quando era pequenino, lembro-me que recebi um disco de rock aos 6/7 anos de idade um disco Rock dos “Leves”, que era uma banda dos anos 70 de Rock muito conhecida. Eu fiquei tão apaixonado por aqueles discos de rock que quase que substituíram os discos de histórias que havia da carochinha, da cigarra e da formiga e as séries de televisão de Vicky e da Heidi. Tornei-me então  um fã de música e tive a sorte de os meus pais morem em Cascais, no Monte Estoril, e os primeiros espetáculos de Rock, que  existiram em Portugal a seguir à Revolução do 25 de Abril, foram em Cascais, no Pavilhão Dramático e foram lá muitas bandas estrangeiras tocar. Eu vi dezenas de concertos em miúdo, apaixonei-me e disse “É isto que eu quero fazer”. Contudo, na minha altura, era um bocado diferente da vossa porque não havia computadores, não havia internet, não havia sequer gravadores de vídeo ou DVD’s portanto a nossa distracção para além da escola e de jogar à bola na rua era a música, era um mundo maravilhoso para nós.

C.J – Que mensagem gostaria de deixar aos leitores do nosso jornal?

M.A – Primeiro que tudo, que leiam o vosso jornal, que vos apoiem porque neste país continua a ser uma batalha grande escrever um jornal, editar um livro, fazer um disco, pintar um quadro, continua a ser difícil e é preciso grande motivação e força de vontade e essa força de vontade também advém do público e, se eu hoje chegar aqui ao Pax-Júlia e vir que a casa está cheia, vou ficar muito contente e ainda mais motivado para dar um espectáculo provavelmente melhor e portanto para os leitores é que vos acompanhem localmente, é sempre importante haver órgãos de comunicação locais que estão mais próximos da vida real das pessoas,. Nós todos vemos o telejornal e vemos aquelas notícias todas da União Europeia e do Banco Central Europeu e, embora esteja a pesar nos nossos bolsos, às vezes somos mais felizes se conseguimos resolver o problema da estrada, do nosso vizinho, da canalização, da nossa Câmara Municipal, da nossa Casa da Cultura, do nosso Auditório Municipal e eu acho que temos cada vez mais que viver a nossa célula e sermos independentes porque, se tivermos à espera que haja um senhor qualquer que nos governa e que nos resolva os problemas todos, bem podemos ficar à espera sentados.

C.J – Obrigada pela entrevista e nós prometemos continuar a acreditar que “sonhar é só viver e viver imaginar”.

Sem comentários:

Enviar um comentário