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Nasceu dentro da música popular portuguesa mas cresceu sempre
com a vergonha e a negação do tradicional. Quando era adolescente, e andava no
liceu, tinha o preconceito relativamente à música popular portuguesa.
Acompanhava o pai (Júlio Pereira) para os concertos e achava uma “grande seca”.
Tal como os mitos gregos, quando se tenta fugir ao destino o destino cumpre-se.
Hoje, Tiago percorre o país a gravar “velhinhas” e a misturar a memória a
elementos eletrónicos, modernos, para que se preserve e se aprenda a olhar para
este património cultural oral.
O exemplo de forte identidade cultural acontece em Miranda do
Douro, uma espécie de outro Portugal, onde se assiste à alfabetização da
memória coletiva. Paulo Meirinhes, músico e professor, criou um coro
constituído por 50 miúdos, a cantar em mirandês e a tocar pandeiro. Pensa-se
assim que talvez a memória coletiva esteja salva.
Na Madeira acontece algo semelhante. “Em Portugal toda a
gente diz mal do Alberto João Jardim. Alberto João Jardim instaurou que as
escolas, na Madeira, aprendessem a música tradicional madeirense, nas escolas
primarias. Portanto, há medidas que têm de ser logo implantadas. Tu começas por
aí, eles têm que pensar desde de pequenos, pensar por que é que o preto que
canta blues na América está mais perto da cultura deles do que o senhor que canta
alentejano enquanto planta batatas na horta atrás da casa deles. E é mais fácil
para eles gostarem de blues do que do senhor que canta canto e que é vizinho
deles e que eles veem todos os dias.
Tu vais a uma escola e se perguntares quais os grupos
portugueses preferidos eles dizem quase todos três nomes, os de sempre, que tu
já sabes que são os de sempre, que são os Deolinda e que são não sei quê,
portanto o que acontece é que não conhecem. Não chega a eles e, portanto, nós
ficamos contentes que a música portuguesa cada vez tenha mais gostos e agora já
vai nos 19/ 18 mil . O movimento cresce e tu ficas contente com isso. Agora é
preciso saber dares-lhe a volta, tu tens que saber como é que lhes vais dar a
volta, não o vais fazer com documentários que têm 50 anos, eles não querem. A
tradição hoje não é a mesmo que 50 anos, tens é de lhes explicar que a tradição
do hip hop, que eles gostam, é tradição oral e que, da mesma forma que
eles têm hip hop, têm velhinhos que cantam à desgarrada e que no Alentejo também
cantam outros tipos, como o baldão e que isso é o mesmo rap e que é a mesma
coisa.”
Para Tiago Pereira é fundamental aprender a olhar a nossa
cultura tradicional sem preconceitos, gostar da música portuguesa, ela própria.
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