quinta-feira, 4 de abril de 2013

Entrevista a Francisco Cavaco, ensaiador do grupo coral da CAsa do Povo da Salvada


O Grupo Coral da Casa da Salvada esteve presente para apadrinhar os "Mocinhos em Cante". Foi um momento muito especial para todos neste encontro de gerações.

C.J – Quando e por que  entrou no grupo de cante alentejano?

F.C – Entrei no grupo em 1992, mas comecei a cantar tinha 8/10 anos de idade. Eu entrei para o grupo porque via que fazia falta qualquer coisa na minha terra. O que lá fazia falta era um grupo de cantares alentejanos porque nós sabíamos que os grupos é que faziam levar o nome da nossa terra lá fora, porque eu cheguei à terra do norte e perguntavam-me “Onde fica a Salvada?” e eu dizia-lhes “Fica a 12km de Beja.” Quando fomos a França também não sabiam onde ficava Beja e eu respondia-lhes “Fica no Alentejo”. Portanto, o grupo coral é o transportador da nossa língua e da nossa cultura e foi por isso que eu entrei e é por essa razão que aqui estou. Contudo, nesta altura está a ser difícil porque os mais velhos vão abalando e os mais novos são raros os que aparecem.

C.J – Qual é a sua opinião quanto à música recente portuguesa?

F.C. - A música recente portuguesa está de uma forma geral modernizada, contudo os grupos corais não se podem modernizar. Um grupo coral é aquele que canta, aquele que a música é a própria garganta, uns cantam baixo, outros alto, enquanto que se for instrumental já não é assim, há instrumentos e o artista pode-se calar e aqui não . Portanto, eu acho bom que haja uma modernização da música e que as pessoas gostem da música moderna sem esquecer esta, porque é esta que vem das nossas raízes, aquela que os nossos avós, trisavó nos deixaram, já é de muitos anos e é triste que a gente perca isto.

C.J – O que acha que pode fazer para incentivar os jovens a ouvir e participar em grupos de cantares alentejanos?

F.C – Eu acho que isto que está a acontecer na escola hoje é um bom exemplo. Na minha opinião, os grupos corais deviam ser trazidos às escolas, porque é na escola que se começam a criar as raízes, nós já fomos a várias escolas e também é importante as pessoas que constituem um grupo coral estarem disponíveis para aderir a estas iniciativas.



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