O Grupo Coral da Casa da Salvada esteve presente para apadrinhar os "Mocinhos em Cante". Foi um momento muito especial para todos neste encontro de gerações.
F.C – Entrei no grupo em 1992,
mas comecei a cantar tinha 8/10 anos de idade. Eu entrei para o grupo porque
via que fazia falta qualquer coisa na minha terra. O que lá fazia falta era um
grupo de cantares alentejanos porque nós sabíamos que os grupos é que faziam
levar o nome da nossa terra lá fora, porque eu cheguei à terra do norte e
perguntavam-me “Onde fica a Salvada?” e eu dizia-lhes “Fica a 12km de Beja.”
Quando fomos a França também não sabiam onde ficava Beja e eu respondia-lhes
“Fica no Alentejo”. Portanto, o grupo coral é o transportador da nossa língua e
da nossa cultura e foi por isso que eu entrei e é por essa razão que aqui
estou. Contudo, nesta altura está a ser difícil porque os mais velhos vão
abalando e os mais novos são raros os que aparecem.
C.J – Qual é a sua opinião quanto
à música recente portuguesa?
F.C. - A música recente portuguesa
está de uma forma geral modernizada, contudo os grupos corais não se podem
modernizar. Um grupo coral é aquele que canta, aquele que a música é a própria garganta,
uns cantam baixo, outros alto, enquanto que se for instrumental já não é assim,
há instrumentos e o artista pode-se calar e aqui não . Portanto, eu acho bom
que haja uma modernização da música e que as pessoas gostem da música moderna
sem esquecer esta, porque é esta que vem das nossas raízes, aquela que os
nossos avós, trisavó nos deixaram, já é de muitos anos e é triste que a gente
perca isto.
C.J – O que acha que pode fazer
para incentivar os jovens a ouvir e participar em grupos de cantares
alentejanos?
F.C – Eu acho que isto que está a
acontecer na escola hoje é um bom exemplo. Na minha opinião, os grupos corais
deviam ser trazidos às escolas, porque é na escola que se começam a criar as
raízes, nós já fomos a várias escolas e também é importante as pessoas que
constituem um grupo coral estarem disponíveis para aderir a estas iniciativas.
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