quarta-feira, 15 de maio de 2013

Entrevista a Kalu, baterista dos Xutos e Pontapés




Clube de Jornalismo: Boa tarde, antes de mais gostaríamos que nos garantisse que não nos vai dar nenhum “xuto” ou pontapé até ao fim da entrevista.

Kalu: Não, não se preocupem.

Nós sabemos que tem uma grande proximidade com a cultura alentejana. O que acha dela?

Kalu: Quanto mais vezes venho ao Alentejo, mais apaixonado fico por ele. Quando era jovem, costumava ir com o meu pai, quando ele ia até ao Alentejo comprar cortiça para a trabalhar. Era uma viagem longa, do Porto até ao Alentejo, e para mim era uma aventura. A gastronomia alentejana é para mim das melhores do mundo e as pessoas são muito simpáticas.

C.J: O que é que nos pode contar sobre o seu percurso nos Xutos?

K: Até agora tem sido muito bom, é lutar por aquilo que gostamos e podermos viver disso. Deus queira que um dia vocês consigam também viver fazendo aquilo que mais gostam, tal como eu com a música. Eu não estava à espera, pensava que ia ficar a trabalhar na fábrica de cortiça para sempre, mas, afinal, safei-me. O meu percurso nos Xutos tem sido ótimo: ganhei grandes amigos, como se fossem da minha família, estou com eles diariamente. Tenho que agradecer esta oportunidade que me foi dada.

C. J: Tendo em conta que se conhecem há tanto tempo, terão com certeza algum ritual, alguma coisa para dar sorte antes dos concertos?

K: Não, nada de especial. Temos uma conversa antes dos concertos, um momento de concentração, mas às vezes ainda entramos em palco a tremer, ao fim destes anos todos ainda ficamos nervosos.

C.J: Vocês já atuaram muitas vezes e em muitos sítios diferentes. Qual a sensação de, após tantos anos, continuarem a encantar e atrair novos fãs?

K: Até a uma determinada altura isto era um mistério. O que importava é que nós nos divertíamos a tocar as músicas que mais gostávamos, e assim, essa alegria é transmitida aos nossos fãs. Só me apercebi de tudo isto, de que afinal tínhamos alguma importância, quando recebemos a medalha do Presidente. A nossa banda é transversal a várias gerações: se calhar os vossos pais e avós ouviam-nos, e qualquer dia os vossos filhos também... Sinto que os Xutos vão ser lembrados nas coletâneas dos “êxitos de sempre” da música portuguesa.

C.J: Em quantas cidades já atuaram?

K: Não sei bem… se disser 150 de certeza que não estou a exagerar.

C.J: Qual a sua favorita?

K: Cá em Portugal, a primeira vez que tocámos em Beja foi em 83, n’ Os Infantes, foi muito giro. Tenho uma predileção especial pelo Porto, por ser de lá, talvez. No estrangeiro gostei de Barcelona, Paris e Toronto, são cidades muito interessantes.

C.J: Não há algo que queira fazer para além da música, sente-se realizado?

K: Sinto-me completamente satisfeito, vou continuar até ter forças. Mas há algo que eu gosto de fazer, que a minha mulher diz que tenho muito jeito que é a canalização e carpintaria. Eu é que faço as reparações lá em casa.

C.J: Muito obrigado pela disponibilidade, bom concerto!

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