Clube de Jornalismo: Como se formou a banda?
Sónia Tavares: Como é que se formou a banda? Em
1994, há 19 anos, éramos um grupo de amigos da mesma cidade e decidimo-nos
juntar e fazer uma banda.
CJ: Que bandas foram uma influência para vocês? Como
definem o vosso estilo musical?
ST: Nós, ao longo da nossa carreira, tivemos muitas
influências ,mas uma coisa é ser influenciado e outra coisa é ser influenciável.
Nós gostamos de muita coisa mas não quer dizer que diretamente elas vão parar às
nossas canções, se calhar indiretamente. O nosso estilo acho que é um estilo
único, acho que se ouvirem na rádio os primeiros 5 segundos de uma canção nossa
identificam que são os “The Gift” e era essa a nossa ideia, era criar o nosso
estilo, a nossa personalidade e acho que conseguimos.
CJ: Porque é que começaram a cantar em Inglês e só depois
em Português?
ST: Sempre cantamos em Inglês em em Português. O nosso
primeiro disco em 1998, que é o “Vinil” é todo em Inglês e tem uma canção em
Português. Depois, o “ Fácil de entender” também tem uma canção em português, o
“Primavera” um a canção em português, o “Explode” tem uma canção em português.
Portanto, todos os nossos discos têm canções em português. Nós começámos a
cantar em inglês por uma opção estética, achamos que era assim que ficava
melhor e decidimos continuar. Mas, como somos portugueses, de vez em quando
gostamos de escrever alguma coisa em português.
CJ: Como surgiu o novo álbum “Primavera”?
ST: O “Primavera” surgiu exatamente depois de fazermos uma digressão
com o disco “Explode”. Este é um disco com muita cor, muito alegre, até fomos
tirar fotografias à Índia, onde toda a gente manda pigmentos de cor uns aos
outros. É sobretudo um disco com muita esperança, muito alegre, e depois da
digressão que fizemos com esse disco achámos que faltava qualquer coisa,
faltava o outro lado dos “The Gift” que é aquele lado mais calmo, o lado mais
intimo, como diz o meu colega Nuno “O lado preto e branco” . E é assim que
surge o “Primavera”, que é um disco sobretudo de piano e voz, mais introspetivo
exatamente o oposto do “Explode”.
CJ: Que sonhos tinham antes de se tornarem músicos e porque
é que optaram por seguir uma carreira musical?
ST: Nós não optamos por ser músicos, todos nós estudávamos,
concluímos a faculdade e as coisas foram acontecendo e houve um momento na
nossa vida em que os “The Gift” estavam a tocar em todos os festivais do país,
a serem convidados para festivais internacionais, e percebemos que por aí podia
ser o nosso caminho e era uma oportunidade para aproveitar e que podíamos
sempre voltar às nossas carreiras paralela. Mas, se calhar , a oportunidade de
ir com os “The Gift” para a frente era aquela e foi um bocadinho por aí, as coisas
foram surgindo e o que começou como um hobbie acabou por ser a nossa profissão.
CJ: Como surgiu o projecto "Amália Hoje"?
ST: O projecto "Amália Hoje" surgiu com um
convite ao meu colega Nuno dos "The Gift" pela parte de uma editora
que tinha a ideia de, para a comemoração dos 10 anos da morte da Amália
Rodrigues, fazer qualquer coisa de diferente com os fados que ela cantava. Então
convidou o meu colega Nuno a dar uma roupagem nova a esses fados e o Nuno
convidou me a mim para cantar, convidou o Fernando Ribeiro,dos
"Moonspell" , e o Paulo Praça para fazerem parte deste projeto. E foi
assim que surgiu, com a vontade de dar uma nova luz aos fados da Amália
Rodrigues . Foi um projecto que já acabou, fomos muito felizes com ele,
corremos o país todo, fomos à América, mas enfim, cada um seguiu com a sua
banda.
CJ: Quais são as vossas expectativas para a hoje à noite
(27 de Abril) ?
ST: Nós, não é a primeira nem a segunda vez que cá estamos.
Cada vez que vimos à Ovibeja sabemos que vai ser uma noite em cheio, sabemos
que vai haver muita gente que nos que ver e preparamos algumas surpresas, mas
acarinhamos sempre esta vinda a Beja de uma forma diferente. Mas, sobretudo,
vai ser um concerto muito divertido.
CJ: Que mensagem deixa aos nossos leitores?
ST: Uma mensagem de esperança: em tempos de crise escutem o
"Explode" que pelo menos é colorido e alegre.